domingo, 8 de abril de 2012

Geração Facebook

Atualmente tenho estado bem reflexiva diante da atitude dos outros para com os outros, no geral. E tenho me assustado muito. Percebo que estamos num mundo extremamente egoísta em que apenas um indivíduo importa: o "eu". O resto? Bem, o resto que se exploda.

É engraçado... Vejo no facebook (sim, sempre o facebook... Aliás, falarei sobre isso logo adiante) um monte de gente pregando a máxima "gentileza gera gentileza". E me pergunto: será que essas pessoas que pregam isso realmente praticam a gentileza no seu dia a dia?

Eu não vejo mais ninguém no metrô se levantar para dar lugar a um idoso, a uma mulher grávida, a uma mulher carregando uma criança. Outro dia vi um moço entrando com o pé imobilizado no vagão, de muleta e tudo. Ninguém se mexeu. E eu estava de pé, não podia fazer nada por ele. E nem ele poderia fazer nada por ele mesmo, a não ser se resignar e tentar se ajeitar do melhor modo possível pra não cair.

Sei que já falei sobre isso. Mas andar na rua é um martírio. Principalmente no centro da cidade. "Você que se desvie porque eu vou continuar o meu caminho nem que eu tenha que passar por cima de você". Tenho certeza que é assim que a maioria pensa. Quantas vezes eu já não levei esbarrão, cotovelada e a pessoa nem sequer se virou pra pedir desculpas...

Mas eu acho que essa geração facebook é assim mesmo: Enquanto eu estou no meu mundinho facebookiano, eu posto coisas bonitas, quero ajudar todos, quero ser bacana, simpático e etc, etc, etc. Só que eu só sei viver nesse mundinho. Eu, e eu sozinho. Como estou sozinho, fica difícil sair dele e viver em sociedade. Aí eu não sei como me portar.

Sinceramente. Eu acho que as pessoas vivem cada vez mais em seu mundo interior, isso contribui pro egoísmo que está tão latente no mundo. O que importa é ser cool no facebook, e receber vários "likes" e ter trocentos milhões de "amigos". Mas do que adianta tudo isso se você é sozinho no mundo aqui fora? Pior, é que elas não querem viver aqui fora, elas estão felizes sozinhas.

E cada vez eu vejo mais gente se escondendo cada vez mais nesse "mundo cor-de-rosa virtual", ou sofrendo esse efeito de se tornar sozinho, e só se importar consigo mesmo, esquecendo que às vezes, existem pessoas do outro lado que têm sentimentos, vontades, sonhos e desejos, e que são pisoteados por essa onda individualista que tem tomado conta de tudo...

Um comentário:

  1. Ponto de vista interessante, uma crítica direta e sem rodeios.

    Mas eu acho que o ser humano é tão, mas tão complexo, que mesmo quando falamos de pessoas que são diferentes do facebook pro mundo real, não podemos falar como um grupo geral.

    Existem muitos motivos para esta diferença. É claro que no mundo virtual a gente só coloca o que quer, mas isso não faz das pessoas exatamente "falsas". O fato é que na vida real, ali, no mano a mano, a gente não tem tempo para pensar no que responder, no que agir.

    Nossas emoções ficam muito mais a flor da pele, ainda mais em locais como o metrô em horário de pico.

    Uma vez, dei lugar para uma senhora, e ela disse : "Nossa moço, você é muito bem educado, nunca me dão lugar", e eu respondi "não é bem assim senhora, acho que é porque as pessoas pegam tod santo dia esse inferno, e depois de um tempo, perdem a sensibilidade de notar coisas como uma idosa em pé".

    E é fato. Você vai ficando meio embrutecido pela realidade, pelo lado menos bonito alheio. Vai perdendo a capacidade de perceber coisas sublimes como um ato gentil - e de praticá-los.

    No facebook, no conforto da sua tela de computador, relaxado, é muito mais fácil ter essa sensibilidade.

    Portanto, não condeno as pessoas da "geração facebook" - mas concordo contigo que as coisas estão chegando em um nível realmente difícil de lidar.

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